segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Primeiro post do ano e algumas coisas não mudam mesmo

E isso não é necessariamente ruim

 Muito bom dia, muito bom ano, pessoas que não estão lendo meus posts. Como vcs podem ver, eu estou de volta. Não posso garantir a vcs que esse será um post longo, reflexivo, dos meus objetivos futuros e reflexões passadas, mas voltei. Mas uma conclusão eu tirei: primeiro post do ano e algumas coisas não mudam mesmo, pelo menos não de uma hora pra outra. 

Continuo com a necessidade de movimento, de fazer algo, de não estar parado e, infelizmente, com uma impaciência com algumas coisas grandes. Hoje vou fazer um teste, já que eu retomei meu remédio e ele, salvo uma ansiedadezinha inicial, costuma fazer as coisas aqui na cachola ficarem um pouco melhores. 

Faz tempo que eu quero ter alguma coisa pra aprender, pra me dedicar, pra ficar tempo em cima dela. Tenha saudade da obsessão do aprendizado, do querer a qualquer custo vencer uma barreira, ultrapassar uma dificuldade. Isso não mudou. 

Não ter esse norte, esse direcionamento, isso também não mudou. Não tenho um tesão de fazer algo novo, que eu queira fazer diariamente. 

Tenho tesão por muitas outras coisas, estar com minha mulher, minha filha, transar com minha mulher, trabalhar no meu consultório, ganhar meu dinheiro, falar com meus amigos, minha sócia que amo como uma irmã (apesar dela colocar uma prede gigantesca entre nós). Mas essas são coisas estabilizadas, já estão bem encaminhadas, não há uma luta grande, ela já houve e fui bem sucedido. 

Como diria Fernando Pessoa, eu sou um desassossegado. Agora que seria o caso aproveitar essa estabilidade nessas coisas, fico querendo alguma outra coisa. 

E acho que isso explica (olha o insight) a minha necessidade de ter alguma coisa por me apaixonar. Sinto falta desse fogo, dessa paixão, desse fazer alguma coisa e sentir que eu consigo, me desafiar. Ouso inclusive dizer que, quando me apaixonava, inconscientemente eu queria muito mais fazer a pessoa se apaixonar do que qualquer outra coisa. 

A porra da necessidade de ter uma vitória... típico de Robson. Mas que eu ADORO pra caralho!!!

Mas não tenho isso no momento. Ainda estou às voltas com minhas opções, agora ACHO que achei um jeito pra não ficar perdendo dinheiro igual a um pato como fiz tantas vezes, mas ainda é insipiente, ainda estou testando. Mas isso é um problema a ser superado do passado. Ainda ocupa minha mente e até acho que seja bom porque, se eu não ficar obcecado por resolver isso, talvez eu estivesse meio chateado com as coisas. 

A cada dia eu fico pensando em fazer coisas novas, mas aí vem a porra da desculpa. Exercício, coceira. Médico, muito trabalho. Outras coisas, outras desculpas. 

Mas isso se entrelaça. Se eu tivesse mesmo que fazer essas merdas, eu não estaria aqui com esse texto dizendo que preciso me apaixonar, já estaria lá, apaixonado, alucinado, louco, só fazendo isso, como fiz tantas vezes na minha vida. 

Será que acaba sendo uma coisa dentro de mim mesmo falando e me controlando pra não começar nada novo antes de terminar o antigo?

Essa é uma boa reflexão a fazer e que eu me vejo realmente mudado. 


TERMINAR O QUE COMEÇOU É UM ATO DE CORAGEM

A sensação de término pode ser sensacional

Uma coisa pode estar muito boa mas não estar acabada e a gente acaba deixando assim, na famosa gambiarra. E eu era assim, muito tempo atrás. Lembro que antes da faculdade eu começava MUITA coisa e pouquíssimas eu terminava, (se é que eu terminasse alguma minha. Do trabalho eu não tinha escolha). Em vários sentidos, terminar o que começou é um ato de coragem e, nessa época, eu não a tinha. 

Com o passar dos anos, principalmente com o advento da faculdade, que é algo de muito longo prazo, isso mudou. Mas não foi fácil não. Primeiro que a forma como eu conduzi o 1o. ano foi a minha tradicional passagem por algum lugar que me empolga e depois a chama diminui. A sensação de rejeição que tive foi absurda e esse período foi muito bom e muito foda ao mesmo tempo. 

Claro que eu tinha um trabalho que absorvia minha vida, complementando o tanto que a faculdade o fazia. Mas até dá pra dizer que minha primeira coisa, nessa fase nova, que não dependia de alguém me obrigando pra terminar, foi o vestibular. Nas minhas lembranças, foi algo único na minha vida. Queria, se a mim fosse dado esse poder, estar como um observador dessa pessoa naqueles dias que antecediam o vestibular. 

Me ocorreu agora que tudo estava a favor. Eu morava na casa da Nana, tinha roupa e comida, uma "mãe" substituta que me amava, uma mulher linda que eu também amava, apesar de ser louca, consegui encaixar um horário bom de estudo no positivo, longe de TUDO que sinalizava o quartel e estudei como um retardado, tudo que eu podia. 

Então, terminar o cursinho, fazer o vestibular até o final, foi a primeira finalização real da minha vida. 

Enfim, retomando, saí da faculdade capengando, como nunca tinha feito até então na minha vida. O cálculo que eu lembro que fazia era que eu tinha 9 anos pra me formar, então, vamos que vamos. 

Claro que eu não queria demorar tanto, mas dado que o trabalho ocupava um espaço monstruoso na minha vida, eu tinha que fazer o que era possível, com a energia que eu tinha. E assim fui pro 2o. ano. 

Turma nova, novas possibilidades, paixões novas.... merda de novo. Mas conheci minha irmã, aquela que Deus não quis que tivesse meu sangue mas que foi importantíssima nessa nova marcha de ser aceito. Também não foi essas coisas, mas terminei melhor que 95. 

Aí vem 97 e o resto é história. A melhor turma do mundo, pessoas que sou apaixonado até hoje, que foram minha motivação (principalmente como presidente da comissão de formatura até o 5o ano) e o trágico, porém transformador, estágio proibido no quartel. Como tudo, dei a volta e foi isso que me fez estar onde eu estou hoje. 

Obrigado por nada, Coronel filha da puta. Ainda bem que vc foi uma desgraçada na minha vida. 

E eu era e sou tão apaixonado por psicologia que o trabalho ficava fácil, mesmo que isso tirasse meu sangue. Mas se não fosse isso, seria o que? Pegar mulher? Ficar reclamando da vida no quartel como a maioria dos colegas?

Não sei se foi bem nessa época, mas eu sou aficcionado por resolver problemas, terminar e entregar algo após isso, descobrir formas, entrar DENTRO do problema até resolvê-lo. E 99% eu conseguia. Mas até hoje me lembro da PC CHIPS com uma Nvidia gt4... 

Quando eu comecei a ter essa estrutura na minha vida, de ir até o fim das coisas, querer que elas terminem, dar um empenho monstruoso a ela, mesmo antes do remédio, isso me dava um prazer, uma satisfação tão grande comigo mesmo que eu não precisava de mais ninguém pra isso, ainda que eu considerasse importante que as pessoas soubessem o quão bom eu sou (ou era). Até porque eu não me achava bom, ainda que deixasse as pessoas putas dizendo que sim. rsrsrs. 

Mas esse desvio de hoje pro passado (que gostei de fazer) serve pra dizer que hoje eu gosto de terminar as coisas. Não me sinto bem quando não o faço, principalmente com o advento do remédio. Mas outra coisa mudou e isso é importante pra mim. 


NÃO ME MARTIRIZO TANTO MAIS QUANDO NÃO SOU PRODUTIVO

As sensações são enganadoras quando vc não as entende

Como vcs podem ver em muitos outros posts que fiz aqui, durante muito tempo eu ficava com uma sensação ruim por não estar fazendo NADA... mesmo estando com a vida equilibrada, atendendo a todas as minhas responsabilidades, seja de trabalho, seja como pai, marido e todas as outras. Mas eu ficava o tempo todo dizendo pra mim mesmo que eu deveria fazer alguma coisa, que estava perdendo tempo...

E até poderia estar. Mas estar me pressionando, me martirizando, enchendo meu próprio saco com isso não iria (como não foi) resolver o problema. Mas o que vc assiste, as pessoas que vc confia, fazem muita diferença na maneira como vc pensa em vc mesmo. 

Hoje eu ainda tenho uma sensaçãozinha ruim, mas nada comparado à falta de paz que eu tinha. Eu consigo ficar sem fazer nada produtivo, só vendo bobagem e coisas que não servem pra nada sem que isso se torne um cavalo de batalha. 

Como vcs viram no início, eu tenho falta de me apaixonar. E essa é uma dor real. Mas é uma dor que eu posso suportar, que eu posso escolher pelo que e dar os valores que essa coisa pode vir a ter em comparação com o que eu já tenho, sem que eu tenha que me colocar em riscos de sofrimentos gigantescos que eu já tive por causa dessa ânsia. 

Me veio a ideia de não estar inteiro. Se eu não estou inteiro em algo, nem adianta. Lembro de várias situações, como a do Mabu Hotel, que dizem claramente que eu não presto quando estou assim. Tanto que quando eu viajava eu me dava uma autorização tácita e parava de me martirizar. 

Enfim, nada disso hoje mais faz sentido. Eu tenho responsabilidades e nada do que eu fizer pode fazer o que eu já construí correr risco. NADA! Mas pode me acrescentar, me fazer crescer, me dar satisfação por ter terminado algo. 

Até porque, essas merdas que eu fazia não tinham como ter fim... iam necessariamente ser deixadas pela metade e me causar sofrimento, como causaram. Ainda que a lembrança dessas dores não seja clara pra mim, mas eu sei que as senti e que elas foram significativas ao extremo no sofrimento que eu tive na minha vida nos meus primeiros anos em Curitiba. 

Por isso que esse ano que quero fazer, sim, algo diferente, construir algo diferente, mesmo que seja igual. Por exemplo, ter mais disposição física, resolver os problemas nos meus ombros, fazer as cirurgias e fisioterapias que precisam ser feitas e voltar a ser uma pessoa que se movimenta - ainda que eu saiba que vou criar uma resistência grande a isso. 

Talvez a solução pra essa minha sensação seja mais difícil, porém apaixonante, do que eu poderia me dar conta. 


COMO OLHAR PARA O QUE EU TENHO HOJE E MELHORAR AINDA MAIS

Ter coragem de olhar para meu medo de mim mesmo

Eu fui evoluindo ao longo do tempo, seja porque eu comecei a tomar novas decisões, seja porque eu comecei a dar valor a coisas que tinham valor e eu não via dessa forma. E não tenho como não admitir que me remédio foi o causador dessa revolução na minha vida. 

É foda vc saber que tem a capacidade e não conseguir fazer ela acontecer. E o remédio foi a ponte pra que isso acontecesse. Claro que a gestação das minhas maiores mudanças foram antes da RITALINA e do VENVANSE, mas ter conseguido me comportar obstinadamente numa direção, mesmo que eu não gostasse ou não quisesse ou não tivesse coragem, foi uma mudança na minha função executiva, onde o remédio atua. 

Era isso que eu precisava pra colocar todo o meu potencial em jogo. 

Então, se eu olhar para todas as pontas ainda soltas na minha vida (que são poucas, não significativas em um primeiro momento) e pudesse dar uma direção a elas, de forma a criar as condições para poder criar algo novo, porque o antigo foi terminado, seria bom?

Esse pensamento me deu uma certa inquietação, mas nada demais. Não sei se seria bom. Não sei se essas pontas soltas não são o pano de fundo pra que eu fuja de algo PIOR dentro de mim. Mas esse pior pode não existir e eu vivo fugindo dele. Não sei do que, mas eu gostaria de saber. E eu fico criando medos que não fazem sentido na minha vida pra que eu fuja, como sempre. 

Mas é bom lembrar que nossas sensações não são a realidade. Tudo que está fora do nosso corpo tem vida própria, não pode ser controlado e explicado com ordem e controle. É o aleatório da vida. E se eu brochar? Não sei, mas se eu brochar e nada acontecer, vai ficar tudo bem? Eu não vou me sentir um merda? E justamente porque eu não tenho mais a preocupação com isso, será que não brocharei mais?

Sim, as preocupações são o veneno da vida, principalmente quando vc se deixa dominar por elas, cria regras de acontecimento, expectativas negativas e "precisa" criar um plano pra enfrentar isso. 

Definir bem os problemas pode dar condições de vermos a solução de formas bem melhores do que a preocupação. Saber exatamente o que é o problema é que torna o problema algo que possa ser solucionado e não algo que te assusta pelas possíveis consequências catastróficas que nunca irão acontecer. 

Será que é isso que é ser livre? Será que é isso que faz a gente construir o que quer, mesmo que o caminho seja difícil? Isso é que é ser seguro?

Correr riscos que estão dentro da minha área de segurança, para que as consequências sejam apenas aquelas que sejam reais, aceitar o que está fora do nosso controle é, no fim, a melhor solução pra vida. Dá até pra pensar em felicidade, hein?

Valeu!!!



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