terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sentado à beira do caminho...




Erasmo Carlos, o CARA, escreveu a música "Sentado à beira do caminho". Um pedacinho pra vocês me ajudarem a pensar um pouquinho.


Eu não posso mais ficar aqui a esperar
que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
onde a tristeza e a saudade de você ainda existem
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
de ao menos ver de perto o seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo,que eu existo



Essa música, que marcou época, apareceu ontem no programa "Bem amigos" do Galvão Bueno, do Sportv. E, como convidado, o nosso Tremendão. Uma doçura de pessoa, uma simplicidade e um defeito, ser vascaíno... mas tudo bem, isso faz parte. Ele se declarou e disse que o flamengo seria campeão, o que me fez gostar mais ainda dele. Ele tem juízo.rs.


E ele explicou que o mote para compor essa música era o fim da jovem guarda, a necessidade de elaborar a perda de algo que durante muito tempo o fez muito feliz - ou muito sexualmente ativo, nas suas palavras - e que, após um pequeno período de depressão, acabou por utilizar esse término como um impulsionador na sua carreira. Isso merece uma reflexão. 


Muitos de nós entram nessa mesma seara quando estão diante de uma perda. E, por isso, passam a vida inteira evitando perder, seja lá o que for. Evitam de todo modo - ou tentam - qualquer risco em suas vidas, a fim de evitar lidar com esse sentimento tão ruim que é o luto pela perda. Óbvio que é uma luta inglória, já que é impossível você passar a vida inteira inerte, sem perder nada. 


De certa maneira, essa atitude não é de todo estranha. Quem gosta de perder o que lhe é caro? O grande problema é quando o não perder envolve um abdicar de viver. E tudo que poderia ser feito em prol da felicidade é evitado. Ou seja, na dúvida, melhor não fazer nada ou seguir tudo o que o outro manda, não arriscar algo que tem probabilidade grande de ser bom e coisas do gênero. É algo como uma prisão sem muros, que tende, como infelizmente aconteceu com o Erasmo, a levar à depressão. 


A grande cartada na vida é tentar equilibrar as perdas com os ganhos. Não sou partidário dos riscos irresponsáveis, mas sou menos ainda partidário em deixar a vida passar, ou, como diz o Zeca Pagodinho, "deixa a vida me levar". Tenho certeza absoluta que é muito mais interessante levar a vida pra algum lugar. Afinal de contas, o alívio e o prazer apenas são parecidos, mas não o são. 


Por exemplo, quando estamos com uma carga de trabalho muito grande, ou estamos muito estressados com um projeto, e, finalmente, terminamos o trabalho ou finalizamos e apresentamos o projeto, apesar da sensação ser muito boa, ela é ALÍVIO. É como se tivéssemos tirado uma pedra das costas. 


Por outra lado, quando conquistamos a pessoa amada, ou numa noite de amor, ou numa reunião particularmente feliz com pessoas significativas,  a sensação é de PRAZER. 


A diferença entre as duas sensações é tênue, mas ela se torna significativa quando vemos o contexto. O que nós preferimos na nossa vida, colocar um peso no chão ou ser feliz?


Boa semana. 

6 comentários:

  1. Saudade de vc lenny. Entra no msn!!!

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  2. Nossa elaborar um luto seja do que for é um dos grandes desafios da vida, é um verdadeiro teste para a vida psiquica. É foda, a dor pode ser tão esmagadora que chega a ser dificil respirar. Eu acho que é necessario um tempo, onde a pessoa permite se entregar a "lama" até os machucados criarem casquinhas, e ela poder levantar e caminhar de novo.

    Porem, existem pessoas que ficam na lama justamente para evitar que os machucados cicatrizem e passam o tempo todo cutucando a ferida aberta. A linha entre esses dois momentos é tenue e diante de um luto grande e ajuda de grandes amigos e analistas combinada com uma teimosa vontade de viver ajuda a deixar essa linha mais clara.

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  3. A vida é um dom e é um erro não ter esta percepção. A cada dia que ao ser humano é dado a poder de levantar-se da cama para trabalhar, a cada respiração, ou batida do coração é a renovação desse dom por Parte de DEUS.
    Tendo este entendimento é preciso ter dois cuidados:
    O de disperdiça-la: E aqui fica claro que nem as grandes nem as pequenas coisas podem nos ajudar a aproveita-la bem. Sim as coisas que verdadeiramente importam. E ai, quais são as coisas que verdadeiramente importam?
    O segundo cuidado é o de ganhar a vida pendendo: Perda e ganho de vida andam muito ligados. "Vida leva eu" será esta a melhor maneira de vive-la, ou é uma excelente maneria de perde-la na esperança de estar ganhado.

    Aquele que perder a sua vida por mim acha-la-a e aquele que procurar ganhar a sua vida a perderá! Vida só em CRISTO!

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  4. Sabe que sua última frase/pergunta me fez olhar para o lustre da sala e refeltir por alguns minutos. Muitos de nós confiamos nossa felicidade em pessoas, circunstâncias e momentos, ou seja, nossa felicidade fica dependente de algo ou alguém. Devo concordar que as pessoas tem sim o poder de nos fazer mais felizes desde que a felicidade depende única e exclusivamente de nós mesmos. É a maneira mais segura e saudável de ser feliz sem medo de sofrer. Afinal, presente é nosso mas o futuro é incerto.

    Abraços

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  5. Fazer escolhas nunca será fácil para nenhum de nós. Mas nós queremos que elas sejam fáceis? Será que quando conseguimos algo de forma muito fácil isso nos estimula a continuar? Não sei se a vcs isso acontece, mas a mim, com certeza não.

    O desafio da vida pede que estejamos prontos para fazer algo por nós mesmos. Nem sempre estamos, infelizmente. Mas existe algo que podemos fazer: estar dispostos a buscar o "como" fazer. E isso inclui o como sentir e o como pensar.

    Saber que é possível fazer algo por si mesmo é a melhor maneira de continuar seguindo o caminho e não ficar sentado à beira dele...

    Muito obrigado pelos comentários de vcs.

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