sábado, 17 de setembro de 2011

Amor condicional, aceitação incondicional

Chama muito a minha atenção, em todos os momentos da minha vida, o paradoxo humano entre ter esperança e, ao mesmo tempo, ter uma visão pessimista de si mesmo. A natureza humana é realmente muito rica. 
Quando crescemos, estamos o tempo todo sendo ensinados a consertar o que erramos. Mas, quando já sabemos o que é errado, parece que nada do que é certo tem qualquer valor. Aí, de alguma forma, aprendemos que é importante ter esperança, que uma hora, um dia, por intervenção divina ou qualquer outra coisa, as coisas vão dar certo. Ou seja, dar certo não está bem claro, mas deve ser alguma coisa que virá em algum momento. Intrigante ver que, dar certo, pode ser fazer errado, já que se não deu certo quando fizemos o que aprendemos, quando é que vai dar certo?
Com esse dilema eu tenho visto muita gente muito boa sofrendo porque tudo o que faz ou é errado, ou é exagerado, ou incomoda ou qualquer coisa que está errada aos olhos do outro e que, infelizmente, assumimos como errado de forma geral. Somos errados, a não ser que atendamos o desejo do outro. 
Nossa autoestima, essa tão falada característica, tão divulgada e "fortalecida" pela mídia, depende inicialmente do que aprendemos que somos, pela mediação dos nossos primeiros amores, que tanto nos amam (se fizermos o que eles quiserem, senão somos "ruins"). Aí, quando crescemos, repetimos a fórmula, que dá certo de vez em quando, mas que ao menor sinal de limites, de negação, passamos a sermos pessoas erradas, chatas, inflexíveis, como se a flexibilidade combinasse com a aceitação das condições de outrem. O dilema se instaura : respeitamos quem somos e impomos limites ao desrespeito alheio ou nos resignamos e fazemos o que os outros querem, para sermos aceitos. 
Engraçado o conceito de aceitação condicional. Só te aceito se vc fizer o que eu quero. Então, na realidade, eu finjo que te aceito, mas guardo na manga a pancada: vc não era aquilo que eu pensava, logo... como 99,9% das pessoas tem medo de rejeição, muito dificilmente essa fórmula (brilhantemente utilizadas por mamães e papais) dá errado. Isso é liberdade?
Por isso que eu sou uma pessoa que gosta de correr riscos e que, apesar de também ter medo de ficar sozinho, ser abandonado, de ser uma pessoa rejeitada, sigo o que acredito e falo o que penso. Gostaria que fosse engraçado ( e a expressão nem sempre está errada) como falamos, mas quando não deixamos as pessoas ultrapassar os nossos limites, elas acabam se aproximam mais. Percebem, de alguma forma, que não deixaremos que elas determinem nosso destino. E, não raras vezes, passam a apoiar nossa iniciativa. Parece que somos um modelo de como elas gostariam de conduzir sua vida. Será que elas precisam de modelo ou de repensar o que elas acreditam???


Post meio bebum, mas plenamente consciente (se é que isso existe realmente).
 

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